4 de agosto de 2015

Férias - Theatre du Soliel

Essas últimas férias foram muito bem vindas. Não que eu não goste das aulas! Pelo contrário, gosto bastante de estudar, no entanto, semestre passado foi muito puxado para mim... Trabalhando, fazendo estágio e estudando... Confesso que não é facil. As férias foram um ótimo momento para desestressar e refletir sobre tudo que estava fazendo e tomar decisões: que portas quero deixar abertas? Vou ter que feixar quais?

Como gosto de fazer tudo BEM, cheguei a conclusão que estava fazendo demais, me desgastando, e não estava conseguindo dar a profundidade desejada a tudo que estava fazendo. Portanto escolhi dar menos aulas este semestre e continuar com as demais atividades. Como teremos menos horas/aula na universidade também, decidi que seria interessante retomar uma dança (podendo complementar as atividades feitas com o professor neste semestre que teremos Dança como matéria) e aprofundar mais em canto também (afinal, recebo bolsa pelo coral e quero continuar meus estudos na área para realmente merecê-la). No início de julho, fiz audição para um programa de teatro musical chamado Projeto Broadway, onde os participantes tem aulas de dança, canto, interpretação, teoria musical, entre outras matérias. Fiquei contente de ter sido aceita pois creio que será um ambiente estimulante para por em prática o que vejo na PUC. :)

Nestas férias também participei de uma oficina de Theatre du Soleil. Este workshop, que durou 3 dias, foi uma exploração da obra de Shakespeare "Noite de Reis". Depois de fazermos aquecimentos e jogos, exploramos diversas possibilidades de montagem de 3 cenas da peça. O processo desta exploração foi iluminador e extremamente diferente de qualquer outro processo de montagem do qual eu já participei. De acordo com a atriz oficineira, Dominique ... , antes de um ator DECORAR suas falas, é preciso que ele as DESCUBRA. Os atores participantes eram encorajados a subirem ao palco para interpretar um personagem com o texto na mão, ou com alguém que soprasse as falas. Então, o ator deveria "explorar o máximo suas possibilidades corporais" na cena, agindo e reagindo ao seu coléga, "brincar/jogar" traduzido do francês, antes de retomar o texto. 

Este método de trabalho permitia que os movimentos em cena se tornassem tão importantes quanto o texto em sí, embora este seja escrito por Shakespeare. Aqueles que conseguiam maior domínio sobre o método tornavam a cena mais leve e divertida - porém não exageradamente cômica, como vemos algumas montagens que prezam o riso da plateia acima da unidade artística da produção. 

Creio que ter assistido aos outros executando a cena, aprendi mais sobre as possibilidades de exploração corporais de um texto do que se eu tivesse estado no palco o tempo todo. Esta oportunidade de sentar e assistir, ativamente, foi muito proveitoso. Foi um momento em que pude comparar o meu desempenho com o de outros e enxergar alguns de meus pontos fracos.

Refletindo sobre a experiência, percebo que ainda não consigo estar à vontade o suficiente  para permitir-me brincar e estar realmente presente em cena se não estou certa das instuções do que tenho que fazer. Em outras palavras, não consigo estar presente no jogo se não estou segura de que entendo suas régras. 

Isso teve um grande impacto em mim, pois descobri que se não me sinto segura dentro do jogo, provavelmente não jogarei com todo meu foco e isso deve ser verdadeiro para meus alunos também. No primeiro dia de uma de nossas matérias em Londres, discutimos sobre SMART Goals, dar objetivos para os alunos que sejam "espertos" (a tradução das siglas seriam: específico; mensurável; ...). Não tinha feito a ligação daquela aula com sua importância no desempenho artístico do aluno. Se o estudante não tem certeza do que tem que fazer, ficará preocupado em descobrir se está fazendo "certo" ou "errado" ao invés de simplesmente se deixar levar pela situação em que está inserido em cena. ;)

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